quinta-feira, 11 de abril de 2013

DE PAIXÃO E DE JULGAMENTOS, by Roberto Costa

Ansiamos por um mundo de sonhos, asséptico, ordeiro e pacífico. Quem não quer? Apontamos e recriminamos com facilidade o erro alheio, mas esquecemo-nos das pequenas transgressões que cometemos vez ou outra, e para as quais
temos sempre uma justificativa que entendemos procedente. O carro estacionado em local proibido, era por pouco tempo, não podia perder compromisso importante, visitava um pai ou mãe doente, etc. O retorno ao volante, após umas geladas com os amigos não oferecia risco. Ora, tenho muita resistência aos efeitos do álcool. Em termos absolutos, parece que não há mais espaço para santos na vida de hoje, se é que houve algum dia. Portanto, ninguém é santo.

Mas se tem algo capaz de levar o ser humano a transgredir em graus maiores de gravidade, é o amor, em especial na sua forma extremada, a paixão. Basta observarmos os noticiários do cotidiano para vermos essa afirmação comprovada nos crimes passionais. Indivíduos, eles ou elas, de vida pacata, de repente surpreendem no cometimento de atos extremos, homicídios às vezes bárbaros, porque a paixão cega a maior parte das pessoas. Já vimos promotor, conhecedor da lei e seus rigores, cometer homicídio, juízes exercerem a prática nada louvável do nepotismo, e por aí vai se quiséssemos enumerar outras formas delituosas.

O Avaí, que é o que nos interessa, já abrigou em seus quadros de diretores pessoas de manifesta predileção pelo clube rival. Levantada a questão pela torcida, que não aprova, a justificativa foi a de que a ação ficava restrita apenas ao âmbito profissional. Se o clube de futebol hoje é empresa, ninguém há de discordar que na prática esse caráter não se mostra na forma estrita, como seria de se esperar. O clube de futebol é empresa, mas com a conotação distinta de ser sujeita aos efeitos da paixão, isso é inegávell. Num jogo na Ressacada pela série B, o goleiro adversário agrediu o árbitro, e pediu a alguém do Avaí que lhe indicasse um advogado. O diretor avaiano chamou dois advogados vinculados ao seu clube do coração, o barbye do Estreito. Não é insignificante, mesmo porque, Anatólio Guimarães está sempre nos jogos e poderia ser prestigiado, não é insignificante, porque mostra e comprova a tendência que ora apontamos.

Agora sabemos que o senhor Carlos Frederico Braga Curi, apaixonado torcedor barbye e procurador do TJD, vai recorrer da decisão que puniu Marquinhos com advertência. Alguém acredita que não exista aí uma intenção apaixonada? Que o Dr. Curi pretende de forma isenta apenas fazer valer algum princípio de ordem jurídica? Por que não se rebelou esse senhor quando, ano passado, por simples e inócuos empurrões entre si, sem consequências para o andamento do jogo, dois jogadores avaianos foram absurdamente punidos e o tribunal sofreu influência visível e inadmissível de certas pessoas da mídia, que extrapolaram de suas competências? Onde estava o Dr. Curi naquela ocasião? Omitiu-se porque de alguma forma o seu clube saía beneficiado?

O TJD, na pessoa de seu presidente, se o nome do tribunal é preciso zelar, deve administrar de forma a impedir que cada vez menos os julgamentos sejam eivados de paixão clubística, seja para que lado for. Caso contrário, que os auditores azurras do TJD se esforcem dentro dos meios legais, pelo menos para que o Avaí não seja injustiçado também no âmbito judicial, como tem sido em outros âmbitos no futebol do Estado.
* Roberto Costa é associado do Avaí Futebol Clube

6 Comentários:

Mário Bertoncini disse...

Prezado Roberto,
entendo tuas palavras e jamais vou censurá-las, porém vc precisa saber que o Dr. Curi é apenas UM DOS Procuradores - veja em http://www.fcf.com.br/composicao-tribunal-de-justica-desportiva-de-santa-catarina/
É um grupo, cujas ações independem do que A ou B entendem ser o mais correto. No caso concreto, o Procurador Geral, Felipe Branco Bogdan (sem clube declarado, já que isso é impostante pra vc) é que determinou que da decisão da CD terça feira agora houvesse recurso....Acho perigoso e, principalmente, INJUSTO rotular as ações do TJD e da Procuradoria pelo clube que seus membros simpatizam. Mas se vc insiste nessa tese, te dou alguns exemplos: 1. Dr. Sandro Barreto, querido e conhecido Avaiano, é advogado da Associação de Clubes; 2. Sandro Barreto interviu TAMBÉM para que o Figueirense pudesse obter a liminar para jogar seu primeiro jogo em casa; 3. Sou Alvinegro (fora do TJD) e NEGUEI de inicio a liminar ao Figueirense (Sandro Barreto juntou novos documentos e só assim teve sucesso nessa liminar); 4. Figueirense foi multado e perdeu mando de campo devido a incidentes no primeiro clássico, COM VOTO MEU, inclusive....

Mesmo assim, leio o que vc escreveu, agradecendo e me comprometendo a CONTINUAR a atentar para esses detalhes.

Todos nós temos AMIGOS do Futebol, afinal, quem está aqui pra brigar?

Ganhar ou perder no futebol não faz o mundo acabar, mas cuidado com os rótulo e acusações, elas podem ser muito injustas.

Sucesso e um abraço a TODOS. Mário Cesar Bertoncini - Presidente - TJD-Futebol-SC

Anônimo disse...

CARO DR. BERTONCINI,
Faz tempo que me manifesto no Blog e até o ano passado não havia tecido qualquer comentário ao Tribunal dirigido pelo senhor.
Confesso que fiquei realmente muito chocado com aquela decisão a que me referi, do ano passado, quando dois atletas avaianos foram punidos severamente por um ato que é trivial, empurrões entre si, nos jogos por este país afora, e que não se vê ser levado a tribunal. Causou ainda maior espécie o fato de pessoas da mídia terem se dedicado de forma pública e muito assídua e interesseira na punição, exercendo cobrança desse TJD via telefone, conforme publicamente confessado, e transparecer que os auditores foram sensíveis a esses reclamos.
De torcedor para torcedor a gente brinca, critica árbitro em jogo, às vezes extrapola, mas é preferível perder de dez a zero com justiça, do que suportar a derrota de um a zero por influências espúreas. Assim também no Tribunal.
Confio na sua justiça e que saberá aparar as arestas, quando aparecerem em resultado de paixões. Abraço. - Roberto Costa

Anônimo disse...

André e Roberto, ontem tive meu post publicado, onde citei a coluna do Roberto Alves em 2007 comentando sobre um antigo auditor que exacerbava seu lado fanático em qualquer lugar. O problema não está em torcer para um ou outro, até porquê, o clube entra em nossos corações na maioria das vezes na infância; o problema está no comportamento na fase adulta, justamente quando deveríamos ser mais ponderados. Vestir uma camisa obscena ou falar mal através das redes sociais tem um poder muito maior vindo daqueles que exercem atividades onde não basta ser idôneo e, a idoneidade deve estar em primeiro lugar e acima de tudo em todas as profissões. Aproveitando, repito outro ponto de ontem, onde também coloco que muitos estão ali sem possuir notório "SABER JURÍDICO", tendo sua entrada apadrinhada pelos antigos. Pena Dr. Marcilio Kriger não estar mais entre nós, pois este sim conhecia do assunto, independente ao clube que torcia.

Alexandre Carlos Aguiar disse...

Talvez muita gente confunda homens com máquina e por isso as confusões na hora de levantar um parecer sobre comportamentos.
As pessoas, de modo geral, têm dificuldades em entender como funciona o cérebro, a mente, as tomadas de decisões e naturalmente usam o senbso comum quadno falam disso.
Nos dias atuais, os centros de pesquisas através de imageamento já identificam onde e como isso acontece dentro da caixa craniana. E se sabe, por isso, que emoções e razão andam de braços dados.
Imaginem uma pessoa na rua, sob forte calor, pensando em estar numa praia, se refrescando, retira o lenço para enxugar a testa, atende um celular e conversa com um amigo ou trata de negócios, observa alguém muito itneressante passando pelo outro lado da rua e sente o cheiro de pãozinho quentinho numa padaria próxima. Ao mesmo tempo, muitas sensações, emoções e tomadas de decisão pipocam naquele cérebro mediano, comum, de todos nós.
O que quero dizer é que não somos uma máquina multiprocesadora que numa hora móe fibras e na outra corta alfaces, bastando se ligar um botãozinho, ou trocar uma lâmina.
Todas as nossas experiências de vida formam a mente, junto a hormônios e neurotransmissores, e ela se vale exatamente disso para tomar decisões importantes.
Portanto, nesse caos dos auditores, não vou julgar valor de ninguém, nem sua idoniedade, mas garanto que o cérebro de cada um, ao julgar uma decisão sobre um time de futebol, é levado pelo que está composto na mente. Se não, não seria humano.
Nesses casos, é melhor se afastar pois o tal do ato falho, perfeitamente identificado na ciência da psicanálise, atuará sem perdão.

Assis disse...

Vejo com valor a pronta resposta e a vigilância do do Presidente do TJD, mas o acho que o centro da questão não é a idoneidade desse ou daquele, mas sim o critério de composição das comissões. Enfim, que bom que estão atentos aos comentários nas redes sociais... Também estamos atentos as condutas de seus julgamentos!

Fábio disse...

Minha pergunta de leigo é outra:
E O CELINHO?
De vilão a vítima?
Os "erros" frequentes dele contra o Avaí, são sempre isentos mesmo?
Ao Presidente - TJD-Futebol-SC, não cabe uma análise melhor sobre estes fatos?
E a FCF que tem um mesmo presidente, o qual fala em sacrifício, porém não larga o osso, também não cabe uma ação da justiça?

O futebol, motivo do debate, vem perdendo público faz tempo.

SdX

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