segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

ALGUÉM COM CRITÉRIO, POR FAVOR, by Roberto Costa

Zenon no Avaí, anos 70
Por três anos residi no interior do Paraná, retornei à ilha no início da década de 70. Em três anos deparei-me com muitas modificações na cidade, era o boom do crescimento urbano que se iniciava, e a alma rejubilou-se matando as saudades da terra mãe, e especialmente pela oportunidade de ver de novo, às quartas e domingos, jogar o Azulão. Meu irmão logo trouxe a boa nova: "Domingo vais ver o novo jogador do Avaí, o Zenon".

Com efeito, domingo, na hora mágica do futebol, eu estava com meu irmão na geral do imponente Adolfo Konder. E eis que entra o Azulão. Meu irmão disse: "O Zenon é aquele magrinho, o camisa dez." Sinceramente, algumas palavras espontaneamente acenderam-se em meu cérebro, como flashs.  Raquítico, verminótico e outras do gênero. Não, eu não podia botar fé na figura que envergava aquela solene camisa dez. Em quinze minutos de jogo, entretanto, um chapéu perfeito em um dos adversários, um jeito todo particular de relacionar-se com a bola, como quem acaricia, e passes irretocáveis de curta e longa distância, convenceram-me de que aquela estrutura enganosamente frágil abrigava um atleta diferenciado. Ali estava o craque Zenon, de cujas glórias todos conhecemos.

Por que recuei no tempo para falar de Zenon? Porque Zenon foi oferecido ao Internacional de Porto Alegre, e o treinador desse clube à época, Rubens Minelli, descartou de plano a contratação, sob alegação de que o jogador não tinha o porte atlético ideal para jogar no seu time. Rubens Minelli, um vencedor, tinha uma filosofia, tinha critério, cobrava uma credencial ao jogador para ser aceito, além de capacidade técnica, um metro e oitenta de altura, no mínimo, e massa muscular. Minelli errou? Talvez sim, mas errou porque deparou-se, no caso Zenon, com a exceção à regra. A sua filosofia, o seu critério estabelecido, no meu entender, é válido, um time se faz com atletas jogadores de futebol. O futebol gaúcho segue esta linha, é força, é músculo, precisamos seguir essa mesma regra, Tolerável um, talvez dois baixinhos no time, mas desde que sejam foras de série.

A composição do elenco avaiano deste ano não parece ter seguido uma regra definida, se é que alguma regra tenha sido pensada. Um time tem de ser montado com jogadores de especificações variadas, para que o treinador possa, combinando as características de cada um, montar um todo funcional, objetivo. No Avaí, a par de não se ter qualquer preocupação com o porte físico (nosso grupo é predominantemente formado de pequenos) os nossos baixinhos ainda adoram segurar a bola, encerar, e com isso são facilmente desarmados no tranco. Outro exemplo de falta de filosofia, ou visão: Precisando de um matador, fomos buscar Adriano Chuva, que em dois jogos nos leva a crer que seja um atacante de composição, não um definidor. Agora, acenam com mais um atacante, do Recife. Existe algum bom matador naquelas paragens, em disponibilidade? Se existe, por que Náutico e Sport vão deixá-lo escapar? Parece que vamos encher de novo um outro caminhão de ineficazes.

Alguém com critério, por favor, porque parece que no Avaí não se segue critério algum, alguém que entenda realmente de futebol precisa assessorar os dirigentes, para que se estabeleça uma lógica de contratações, com escolha de jogadores segundo as verdadeiras necessidades do time, para que não se continue dando seguidos tiros n`água, para que se aplique com inteligência a verba que ainda possamos dispor para contratações. Volto à mesma tecla, William ou Jobson eram adequados remédios para um dos nossos males mais dolorosos, mas nossos dirigentes, mal assessorados, preferem privilegiar o duvidoso em prejuízo do certo, parecem  preferir confiar de novo numa esbanjadora sacola de genéricos. O resultado, a gente viu uma vez mais, na noite de ontem, onde apenas Marquinhos mostrou o que é jogar  futebol.
* Roberto Costa é associado do Avaí Futebol Clube 

6 Comentários:

Unknown disse...

Roberto ! Se voce tem essa logica de contratacoes, eu tenho esta logica e muitos "torcedores" tem este mesmo pensamento, porque as pessoas que alem de serem pagas para este trabalho e vivenciam estas experiencias todos os dias no seu ambiente de trabalho que é o futebol, nao tem esta mesma logica de contratacoes ????
Para mim a resposta continua sendo a mesma: "A comi$$ao"
Na politica eles pegam uma verba para consertar uma rua abrindo buracos para a rede de esgoto e depois de pronto, pegam outra verba para abrir a mesma rua para fazer a rede pluvial.
É INSANO PARA NÓS.....MAS É BEM RENTAVEL para eles !

Marcelo Alves

Unknown disse...

...E ai eu pergunto:
CRITERIO PARA QUE ???? Para atrapalhar ????
Futebol e politica no Brasil inteiro andam lado a lado. É que aqui, a mascara caiu a uns tres anos atras !

Marcelo Alves

Sergio Nativo disse...

Belo texto de Roberto Costa. Se nao bastasse seu belo comentário, ainda me faz relembrar o maior craque que vi jogar em Santa Catarina. Para nos Catarinense Zenon foi o Messi da época. Jogador completo e humilde. Coisa rara hoje em dia.

Anônimo disse...

O critério tem q ser QUALIDADE, pouco importa se o cara tem 1,60m ou 1,90m. Quem contrata tem que entender de futebol e trazer bons jogadores; tem q ter visão!
Vcs sabem da história do zagueiro Lúcio (SP) qdo foi contratado pelo Inter-RS junto ao Guará-DF? É o clássico exemplo de visão ao que me refiro.

Anônimo disse...

ANÔNIMO, SE FIZERES UM TIME SÓ DE NEYMAR, NÃO VAIS CHEGAR A LUGAR NENHUM. ARMAR UM TIME SÓ DE JOGADORES ENCERADEIRAS, COMO O NOSSO, O RESULTADO É ESSE. SEM CRITÉRIO NÃO DÁ. - Roberto Costa

Anônimo disse...

Roberto,
Eu te entendi, mas eu quis colocar que quem contrata tem que observar a qualidade. Exemplos: atacantes velozes, que saibam concluir; volantes que saibam marcar e JOGAR, zagueiros com qualidade tbém, ou seja, que cheguem junto qdo precisa, que saibam antecipar, cabecear, com tempo de tempo de bola; meias (esses nem preciso escrever; são o cérebro do time); laterais que marquem, mas que saibam driblar com velocidade, chegar na linha de fundo e, o principal, SABER CRUZAR.
Pode até parecer utopia, mas o critério, pra mim, tem q ser esse: tem q ter qualidade.
O problema é que, muitas vezes, eles "engolem" jogadores, de empresários, sem nenhuma qualidade.
Um abraço.
Carlos

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